quarta-feira, 6 de janeiro de 2010


...Eu sei que agora a sua vida está um pouco bagunçada, amontoada num canto. Eu sei também, minha querida, que desde que seu pai partiu, o mundo escapou do seu eixo e se inclinou de tal forma que você perdeu o equilíbrio, enquanto móveis, memórias e quadros escorregavam com toda força, espatifando-se contra a outra parede. Sobretudo eu sei que, nessas horas, é difícil agarrar-se nas bordas dessa porta que chamamos vida, agarrar-se firme e não soltar! Quem me dera escrever essas cartas numa pedra gigante, e empilhá-la no outro canto do mundo, para que ele se realinhasse, e você pudesse caminhar sobre ele sem cair. Ah, quem me dera não precisar das palavras! Simplesmente, poder atravessar aquele corredor como antes e te abraçar.

Rita Apoena

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