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domingo, 31 de janeiro de 2010


"Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor. Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo, por isso me grito..."

Drummond

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010


Que vai ser quando crescer?
Vivem perguntando em redor.
Que é ser?
É ter um corpo, um jeito, um nome?
Tenho os três.
E sou?
Tenho de mudar quando crescer?
Usar outro nome, corpo e jeito?
Ou a gente só principia a ser quando cresce?
É terrível, ser? Dói? É bom? É triste?
Ser; pronunciado tão depressa, e cabe tantas coisas?
Repito: Ser, Ser, Ser. Er. R.
Que vou ser quando crescer?
Sou obrigado a? Posso escolher?
Não dá para entender. Não vou ser.
Vou crescer assim mesmo.
Sem ser Esquecer.

Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010


O amor é grande e cabe nesta janela sobre o mar. O mar é grande e cabe na cama e no colchão de amar. O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar.


Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 11 de novembro de 2009




' Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita. '

(Carlos Drummond de Andrade)

"Se eu gosto de poesia?
- Gosto de gente, bichos,
plantas, lugares, chocolate,
vinho, papos amenos,
amizade, amor.
Acho que a poesia
está contida nisso tudo."

(Carlos Drummond de Andrade)

quarta-feira, 21 de outubro de 2009


" tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo..."
(Drummond)

segunda-feira, 19 de outubro de 2009


Pouco importa venha a velhice; que é velhice?
Teus ombros suportam o mundo
E ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam(os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
(Carlos Drummond de Andrade)

terça-feira, 13 de outubro de 2009


Por que nascemos para amar, se vamos morrer?
Por que morrer, se amamos?
Por que falta sentido
ao sentido de viver, amar, morrer?

(Carlos Drummond de Andrade)

quinta-feira, 8 de outubro de 2009


Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondidona
pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.

Morrer acontece
como que é breve e passasem
deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu e ele,
velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

Carlos Drummond Andrade