Saudade é tristeza pelas coisas que amamos e perdemos.
Não é o desejo de voltar ao passado, pois isto não é possível.
Saudade é sentir que algo nos foi arrancado...
Na saudade é como se fôssemos náufragos numa
praia ajuntando os pedaços de nosso naufrágio.
Na saudade saímos dos muitos pequenos desejos
que moram nos caminhos do vale, e nos descobrimos
frente a um grande desejo, que é a nossa verdade.
Saudade é o lugar da busca do Grande Desejo,
esquecido, perdido...
Percebemos que estamos ficando velhos,
afinal crianças não têm saudades.
Elas vivem a inocência e o paraíso
do presente permanente.
Na saudade descobrimos que pedaços
de nós já ficaram para trás...
E descobrimos, na saudade,
uma coisa estranha; aquilo que já experimentamos
como alegria no passado.
Só podemos amar o que já tivemos.
Não é possível desejar o desconhecido
por mais fantástico que ele possa ser.
Pois, como desejá-lo, se nunca o experimentamos?
Só podemos desejar aquilo de que temos saudade...
Somos seres de saudade... “
- Rubem Alves -
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