domingo, 20 de dezembro de 2009


"Nunca esqueci a experiência de quando alguém
botou a mão no meu ombro de criança e disse:
- Fica quietinha, um momento só, escuta a chuva chegando.
E ela chegou: intensa e lenta, tornando tudo singularmente novo.
A quietude pode ser como essa chuva:
nela a gente se refaz para voltar mais inteiro ao convívio,
às tantas frases, às tarefas, aos amores.
Então, por favor, me dêem isso:
um pouco de silêncio bom para que eu escute o vento nas folhas,
a chuva nas lajes, e tudo o que fala muito além das palavras
de todos os textos e da música de todos os sentimentos.
Silêncio faz pensar, remexe águas paradas, trazendo à tona
sabe Deus que desconserto nosso.
Com medo de ver quem - ou o que - somos,
adia-se o defrontamento com nossa alma sem máscaras."

Lya Luft

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